quarta-feira, 29 de julho de 2015

Inocência



Despiu o coração com os olhos
 O corpo com as mãos:
 ternura que arrancava sutilmente a vergonha, o pudor do corpo pálido.
Tomou posse do vestido quadriculado com a mesma intensidade que tomava em suas mãos a alma.
O zíper chiava entre as respirações,
flagelos de palavras presas na garganta.
Boca seca.

Os cílios mal se moviam: medo de perder cada movimento.
E quanto mais se tirava mais se encontrava.
Um pouco de poesia entre uma vértebra e outra,
Primavera entre os fios dourados do cabelo.
Entre o pescoço e o umbigo pétalas brancas se misturavam a nudez...
Os pés permaneciam inquietos, como Joana na corda bamba.

A noite quase virou dia,
Que por um descuido
Deixaram deslizar por entre os dedos a razão.
Cobriram-se de abraços e afagos antes que o sol batesse na janela.

Sabrina Stolle

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