domingo, 30 de março de 2014

Dias sem luz



As gotas da chuva que caem lá fora são as mesmas que caem dentro de mim.
Elas respingam na alma e no coração. Mas não ecoam.
E por mais vazio que eu pareça estar o amor escorre pelas paredes do meu corpo.
Eu sei que as luzes foram lentamente se apagando dentro de mim; um curto circuito assimétrico que corroeu, queimou as minhas estruturas. E por mais escuro que esteja eu ainda te vejo. E por mais defasado que o meu organismo esteja eu ainda sinto algo pulsar a cada toque seu, a cada olhar.
Eu tentei correr, te agarrei em meus braços e te levei comigo em cada esquina em cada rua sem saída. Balancei-te e esmaguei em cada canto que eu percorri. Eu te escondi nos meus sonhos e também nos meus medos. E no pavor de te perder te arrastei pelo caminho sinuoso do meu corpo enquanto eu fugia da escuridão que se alastrava dentro de mim.
Hoje mais nada habita dentro do meu ser além de cinzas de uma explosão, mas eu sei que mesmo sem poder te alcançar você ainda permanece perto. E tento pelas palavras e lágrimas te alcançar, tentando fazer da faísca uma fogueira que esquenta o vazio dentro de mim e me guia para juntar os cacos que restaram. 

Sabrina Stolle