sexta-feira, 13 de junho de 2014

Desatino



Abriu os olhos sem pestanejar
Não reconhecendo nenhuma parte daquele corpo refletido nos espelhos.
Tentou tocar os fragmentos,
As luzes dissolviam a pele.
Gotículas de cristais emanavam da sala refletora...
Os dedos alisavam as paredes espelhadas,
O corpo deslizava como pétalas pelo vidro,
Absorvendo, tomando para si o similar desconhecido.
O calor do seu corpo entrava em atrito com os cristais
Cacos de vidros eternizados.
A alma aquecia os espelhos com cada toque
Com cada caricia
Matéria fria agora quente...
Trincava a vida, rompia as ondas bagunçava o ar
Movimentos abruptos e suaves contra a própria imagem
Fagulhas de vidros dilaceravam o eu e o outro
Uma verdadeira simbiose letal. 

Sabrina Stolle.