Ouvi li e senti várias vezes a diferença entre sobreviver e
viver. Mas sei que ambas estas formas emergem da mesma origem: um corpo, uma
mente e uma alma, para os que acreditam, imersos em uma sociedade com vários
caminhos e destinos. Há muitas coisas que nos ocorrem independente de apenas
sobrevivermos ou se vamos além de uma sobrevivência. As coisas nos vêm à medida
que nos aproximamos delas ou às vezes surgem sem avisar. Há coisas que desejamos
e outras que tememos. Há coisas que conhecemos ou imaginamos e outras que nem
se quer nos damos conta de sua possibilidade. Mas todas vêm, seja de forma
sutil ou como uma avalanche. Mas creio que todas tenham sua finalidade.
O mundo sempre está em constante movimento, nada é imutável,
nem mesmo o amor. Talvez ele seja eterno, mas para que assim o seja é preciso
que esteja sujeito às mudanças; que se adapte ao novo e que seja um sentimento
de crescimento constante.
Mas o amor e outras milhares de coisas e sentimentos podem ser
mutáveis de forma diferente, se será ruim ou não caberá a você decidir.
Portanto, cabe a você escolher em perdoar ou não o seu
passado. Cabe a você ficar procurando o porquê das coisas que lhe aconteceram e
a forma como procederam ou decidir olhar para o presente e ver o que no aqui -
agora é possível fazer para o que nos causa dor e sofrimento tome um rumo
diferente.
Mas a cima de tudo é importante cada um parar e escutar o
que carrega dentro de si.
Mudar nem sempre é fácil, assim como também não é uma
obrigação. Dê passos ao que almeja ou converse com sua dor ao seu tempo. Não
queira forçar uma compreensão de fatos e sentimentos que ainda permanecem
distantes de você. Mas nunca se sinta fraco, cada individuo possui o seu devido
valor. E cada um funciona neste mundo dá sua melhor maneira, do jeito que pode
e sabe. E nunca esqueça que o sol é bom, mas que a sombra também se faz
necessário.
Abaixo segue um trecho de um livro que contribuiu muito para
que eu pudesse ter mais clareza sobre mim e sobre a vida.
“Talvez haja mais compreensão e beleza na vida quando os
raios ofuscantes do sol foram suavizados pelos contornos da sombra. Talvez haja
raízes mais profundas numa amizade que sofreu tempestades e as venceu. A experiência
que nunca desaponta ou entristece, que nunca toca nos sentimentos é uma vivência
neutra com pequenos desafios e variações de cor. Quando sentimos confiança, fé
e esperança de que podemos concretizar nossos objetivos, isto constrói dentro
de nós um manancial de força, coragem e segurança.
Somos personalidades que crescemos e nos desenvolvemos como
o resultado de todas as nossas experiências, relacionamentos, pensamentos e
emoções. Somos uma totalidade que, fazendo-se, faz a própria vida.” Virginia M.
Axline, p. 283.