terça-feira, 24 de novembro de 2015

Cardápio da alma



Você tem sabor de poesia
Um verso na perna
Estrofes nas mãos.

Uma rima contornando a boca
Que desliza para a bochecha,
Queixo e orelha fazendo poema.

As tuas marcas têm gosto de soneto:
Quatorze pintas desenhadas no vão do arrepio.

Os fios do seu cabelo é poesia lírica,
Neles eu rimo com ritmo os meus dedos entrelaçados em você.

E o seu abraço?
Ele tem aroma de prosa.
Cheiro de poema narrativo que estende a escrita feito fio comprido:
Enlaça, prende e amarra sinestesia em nós.


Sabrina Stolle.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Abstração racional



Virou a curva do céu sem deixar rastros
Não era avião
Não era pássaro.
Não tinha cheiro nem cor.
Era apenas um emaranhado de sonhos
Que fugia de uma mente racional.


Sabrina Stolle.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Amar, você, faz bem


E eu que queria ser texto somente com ponto final
Virei grafia de vírgula restritiva.
Acrescentando entre uma vírgula e outra
Um pouco de mim
Um pouco de você
Um pouco de nós.

Sabrina Stolle.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Quando o corpo cala



Lembra de mim como teu riso mais feliz.
Esqueça meus olhos molhados,
A face pálida, quase sem contorno.

Deixe a pele ir,
Ela é frágil e se desfaz.
Guarde apenas os retratos nela pintados com beijos e arrepios.

Não se preocupe se meus dedos deslizarem,
Eles já seguraram seu coração e agora dormem felizes.

E se por acaso eu não mais voltar não tenha medo.
Eu te colori por dentro com todos os meus tons,
Sons e sorrisos para você nunca se esquecer de mim.


Sabrina Stolle.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Dibs: em busca de si mesmo.

Muita mudança e crescimento têm ocorrido na minha vida nos últimos anos. Talvez ressignificar as coisas que guardamos dentro de nós e a forma com a qual recebemos tudo que o mundo nos dá, faça parte do desafio de se viver.
Ouvi li e senti várias vezes a diferença entre sobreviver e viver. Mas sei que ambas estas formas emergem da mesma origem: um corpo, uma mente e uma alma, para os que acreditam, imersos em uma sociedade com vários caminhos e destinos. Há muitas coisas que nos ocorrem independente de apenas sobrevivermos ou se vamos além de uma sobrevivência. As coisas nos vêm à medida que nos aproximamos delas ou às vezes surgem sem avisar. Há coisas que desejamos e outras que tememos. Há coisas que conhecemos ou imaginamos e outras que nem se quer nos damos conta de sua possibilidade. Mas todas vêm, seja de forma sutil ou como uma avalanche. Mas creio que todas tenham sua finalidade.
O mundo sempre está em constante movimento, nada é imutável, nem mesmo o amor. Talvez ele seja eterno, mas para que assim o seja é preciso que esteja sujeito às mudanças; que se adapte ao novo e que seja um sentimento de crescimento constante.
Mas o amor e outras milhares de coisas e sentimentos podem ser mutáveis de forma diferente, se será ruim ou não caberá a você decidir.
Portanto, cabe a você escolher em perdoar ou não o seu passado. Cabe a você ficar procurando o porquê das coisas que lhe aconteceram e a forma como procederam ou decidir olhar para o presente e ver o que no aqui - agora é possível fazer para o que nos causa dor e sofrimento tome um rumo diferente.
Mas a cima de tudo é importante cada um parar e escutar o que carrega dentro de si.
Mudar nem sempre é fácil, assim como também não é uma obrigação. Dê passos ao que almeja ou converse com sua dor ao seu tempo. Não queira forçar uma compreensão de fatos e sentimentos que ainda permanecem distantes de você. Mas nunca se sinta fraco, cada individuo possui o seu devido valor. E cada um funciona neste mundo dá sua melhor maneira, do jeito que pode e sabe. E nunca esqueça que o sol é bom, mas que a sombra também se faz necessário.

Abaixo segue um trecho de um livro que contribuiu muito para que eu pudesse ter mais clareza sobre mim e sobre a vida.


“Talvez haja mais compreensão e beleza na vida quando os raios ofuscantes do sol foram suavizados pelos contornos da sombra. Talvez haja raízes mais profundas numa amizade que sofreu tempestades e as venceu. A experiência que nunca desaponta ou entristece, que nunca toca nos sentimentos é uma vivência neutra com pequenos desafios e variações de cor. Quando sentimos confiança, fé e esperança de que podemos concretizar nossos objetivos, isto constrói dentro de nós um manancial de força, coragem e segurança.
Somos personalidades que crescemos e nos desenvolvemos como o resultado de todas as nossas experiências, relacionamentos, pensamentos e emoções. Somos uma totalidade que, fazendo-se, faz a própria vida.” Virginia M. Axline, p. 283.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Um rascunho da mente rabiscado em 2012


Sem título.

O vento sussurra lá fora,
O vidro da janela embaça.
A garganta seca.
Os passos são lentos,
A lareira revela um dia sem cor.
Sobre a bancada uma canção,
Composta pelo coração.
A primavera há de chegar e as flores vão desabrochar.
Esse dia não chega e o inverno me atormenta.
É um dia frio e as lembranças se dissipam em minha mente.
Lá fora o vento grita, avisa que é um dia sem vida;
Coberto pela neve, longe do sol.
No chão branco avisto um pingo de cor, uma flor!
Um sorriso brinca em meus lábios porque sei que um dia a primavera a de chegar.

29 de janeiro de 2012.

Sabrina Stolle.