sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Dieta Mental



Somos crianças

As mãos pequenas deixam escapar por entre os dedos um punhado de coisas

Deslizam por elas as asperezas de um dia sem céu

Sem sol, chuva ou estrelas.

Cai delas a falta de coragem, a falta de espontaneidade.

Desprendem-se a preocupação excessiva com o futuro,

As obrigações de amanhã.

Despencam delas a falta de tempo, os noticiários ruins da TV.


Ao mesmo tempo em que das mãos o grande e o apertado colidem com chão

Os pés correm sem pressa.

A cada degrau um sorriso espontâneo

Uma cor diferente que tinge a epiderme.

Pés descalços, sem medo do desconhecido.

E por entre os corrimões vai se deixando somente aquilo que cabiam nas mãos:

A leveza da inocência

Um céu florido de brotos de sonhos,

Sementes de palavras doces,

Ramos que carregaram o brilho no olhar nuvens adentro. 

Sabrina Stolle.


Imagem da internet. 
 

Passarinho de Gaiola


                                                         
As gotas caiam no metal produzindo notas
Sons que eram misturas de agudos e graves.
O bico não ciscava o chão.
As penas ondulavam suavemente com o assoviar do vento
Cores que riscavam as partículas de ar com tonalidades tristes.
E sempre chovia
Dentro da gaiola
Dentro do sábia. 



Sabrina Stolle.
Obs: imagem da internet. 




terça-feira, 1 de setembro de 2015

Sobre o verbo cativar



Era uma vez um homem pequenino, uma raposa e uma rosa. Ambos personagens de um livro denominado “O pequeno príncipe”.
A história proporciona uma gama de reflexões sobre questões e sentimentos referentes à vida, entre eles o real significado do verbo cativar.
Confesso que a palavra cativar nunca pousou sobre minha mente, embora eu sempre a procurasse insensatamente dia após dia...
Este livro mágico nos ensina que cativar é muito simples e complexo ao mesmo tempo. Simples por necessitar apenas de verdades e simplicidades. Complexo porque ser verdadeiro e simples é um enorme desafio nos dias de hoje.
Muitos de nós acreditamos que para se cativar é preciso estar inteiramente à disposição do outro, dar sempre o seu melhor e proporcionar ao outro aquilo que lhe satisfaz. Mas é justamente nessa tentativa desenfreada de agradar o outro que se perde a substância essencial do verbo cativar. Sendo assim, é possível compreender que o cativar vem de forma sutil e natural. Não é necessário abdicar de nossa própria personalidade e valores para cativar e ser cativado. É incrivelmente ao contrário, é estar e permanecer sempre inteiro. É não omitir seus defeitos e sim estar disposto para amadurecê-los. É permitir que ambos cresçam com as diferenças que os permeiam.
O livro me ensinou muito sobre este verbo, mas outros fatores contribuíram para esta compreensão. Fazer psicoterapia foi uma delas, quando aceitamos que somos imperfeitos e que é possível olhar a vida com diferentes lentes tudo se torna mais claro e com um maior sentido.
Além do pequeno príncipe outra pessoa me ensinou o real sentido de cativar e ser cativado. Alias esta pessoa me cativou. Você deve estar se perguntando como não é mesmo? Pois foi de forma sutil e natural como já vos falei. Ela apenas me ensinou que para viver bem e em paz basta ficar com alguém que:
·         Esteja disposto a conversar com você sempre que alguma incongruência acontecer, mas que seja face a face e não por dispositivos virtuais onde tudo se diz e faz;
·         Alguém que reconheça seus erros e não apenas peça desculpas e sim demonstre que compreendeu os porquês e demonstre que o gostar é maior que qualquer discussão;
·         Que deixe um doce qualquer no banco do carro só para ver seu sorriso ao entrar no automóvel;
·         Que compre histórias infantis, livros de colorir e sabonetes para você simplesmente porque passou por uma loja no meio da rotina e se lembrou de você;
·         Alguém que beije seus pés mesmo que eles estejam suados;
·         Alguém que te chame de forma súbita para fora apenas para te mostrar à lua;
·         Alguém que se sente a mesa com sua família e converse e brinque sem pudor, sem hora para voltar para casa;
·         Que te pegue no colo e saia correndo com você pelo jardim como se não houvesse vizinhos, como se não existisse mais ninguém além de vocês dois;
·         Que dance com você uma música qualquer de uma propaganda de TV a uma música romântica;
·         Que ame seus cães assim como você os ama.
·         Alguém que jogue futebol, vídeo game e brinque de lutinha como se fossem duas crianças;
·         Alguém que a cima de tudo seja seu melhor amigo;
·         Fique com alguém que te ame como se seu corpo fosse uma extensão do dele.

Ame, mas de forma inteira.

Sabrina Stolle.