Produção feita para o auto retrato da matéria de psicologia da personalidade.
Eu acredito que a vida possa ser representada por diversas
metáforas. A vida pode ser comparada a uma árvore, cada pessoa vai fixar suas
raízes de formas diferentes e as posições dos galhos e as quantidades de folhas
vão depender das tempestades, dos dias de sol e chuva que surgirão ao longo da
vida. Tem árvores que são maiores e outras menores. Assim como também há
árvores com frutos e outras sem. Árvores floridas o ano todo, outras somente em
alguns períodos e outras sem. Tem árvore que é casa de passarinho, tem árvore
que é riso de criança, tem árvore que é solidão, paisagem de deserto.
Tem árvore que nasceu em Berlim, tem árvore que nasceu na
China. Tem árvore que nasceu em jardim, tem árvore em nasceu em beira de
estrada.
A minha árvore é um pouco de tudo, uma mistura dos desafios
e da beleza de cada estação. Uma adaptação das circunstâncias e consequências
dos dias. Tem flores, tem frutos. Tem balanço e casa de passinho. E também, às
vezes, é só madeira tentando alcançar o céu.
A vida também pode ser representada por vagões de trem. Tem vagões
que são limitados a circular só pela cidade. Tem vagão que viaja o mundo, tem
vagão que carrega de tudo. Tem vagão que
tem muita bagagem, tem vagão que tem pouca. Tem vagão com tinta fresca, tem
vagão esquecido na estação. Tem vida que já fugiu da rota, tem gente que já
mudou e se reinventou. Tem vida limitada, tem vida arriscada. Tem vagão que
circula de hora marcada. Tem vagão de carga, tem vagão a passeio.
O meu trem possui vagões de cores diferentes que seguem a
rota da rotina, mas que às vezes, escapam para os trilhos da fantasia. A minha
vida circula pelos interiores, por tudo aquilo que as palavras não expressam...
O meu trem é sinestesia.
Dentre todas as metáforas a que eu mais gosto é a vida vista
como uma tela em branco.
Um quadro novo que com o passar do tempo vai recebendo respingos
de tintas, desenhos bem arquitetados. Imagens remodelas, refeitas. Um mar, um
campo ou somente rabiscos. Uma camada de tinta em cima, um recomeço. Alguns
optam por molduras, por cores claras ou fortes. Alguns preferem misturar ou
seguir a tonalidade que determinados momentos demandam.
E a vida é assim, uma tela ansiosa por ser preenchida, por
ser sentida, vivida. Uma tela com características a serem acrescentadas e outras
retiradas. E eu prefiro que ela seja sempre colorida. Por mais que alguns traços
não combinem mais e outros sejam borrados pelos imprevistos de se estar vivo sempre
haverá tinta nova para retocar, para
tentar de novo e de novo.
Sabrina Stolle