quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Paranóia



Fio de lã. Tira de seda. Fio fino que entrelaça botão. Fita de cetim.
Pernas mescladas entre algodão e espuma. Braços descobertos na escuridão.
O silêncio gritava pelas paredes da casa. Monstros de roupas alinhadas no varal. Uivos e gemidos de um vento que alisava as janelas.
Preto. Branco. Cinza. Já não é mais dia.
Panos escondem o brilho das estrelas. Rendas bordas no tecido caramelo.
Toque suave. Quase sutil. A cortina que esconde a nudez do vidro.
Do lado de dentro. Interno. Profundo.
O corpo deslizava sobre o colchão.
Pálido. Perplexo.
Passos na cozinha. Janela coberta. Gemidos de vento. Quase dia. Preto borrando o branco.
Introjeção. Projeção. Sombras projetadas na parede.
Um bilhete. Papel em branco.
Lápis. Madeira oscilante. Mãos tremulas.
Quanto mais perto, mais forte os traços.
Escuridão. Pupilas dilatadas. Ruídos.
Rabiscos quase sem forma.
Grafite. Traços. Passos. Desenhos na folha. Escuro. Movimentos que preenchiam a celulose. A cama. O lençol. Respiração.
Liga. Desliga. Som de tecla.
Corrente elétrica correndo pela afiação.
Segundos. Som de tecla. Tomada.
Dia artificial na noite.
Pijama amassado. Barba mal feita. Bocejo.
Pai e filha sobre a luz da lâmpada.
No papel um desenho: paranóia. 

Sabrina Stolle

Obs: Feliz dia do psicólogo a todos os profissionais, estudantes e a todos que acreditam nessa linda ciência e profissão.