quarta-feira, 11 de março de 2015

Olhos de Veneza



Duas esperas brilhantes pousaram sobre mim
Nem grandes e nem pequenas
Mistura de mar e céu estrelado: cor dissimulada.

Delas escorrem os meus segredos mais íntimos
Um verde que revela meu preto e branco e todos os borrões que a vida já imprimiu em mim.
Um emaranhado de traços simétricos que se desfazem quando cruzam com os meus...

Vazam delas cheiro de sorriso,
Gosto de mistério.

As pupilas permanecem fixas
Porém vultos dançam dentro delas
Posso até ouvir o ritmo da música
Sentir o movimento de cada passo...
Fecho meus olhos por um instante
E então, posso sentir as duas esferas acariciarem o meu corpo,
Queimarem as minhas estruturas...

Meus cílios eriçam e balançam como se um vendaval tomasse conta da minha face.
A alma vira sinestesia.

Meus olhos cerrados se abrem lentamente
As esferas descolam de mim
Rodopiam pelo ar
Meus dedos tentam tocá-las
Elas se dissolvem feito poeira
Cobrindo Veneza de saudade, de desejo.

Sabrina Stolle