Bem atrás das nuvens que os dedos não conseguem tocar
Está a terra do nunca.
Das palavras nunca ditas.
Das caricias reprimidas.
Uma terra feita de sonhos renunciados. De sabores nunca
provados.
Casas feitas de lençóis de silêncio, portas de medo, janelas de arrependimento.
Uma terra vazia de abraços, de carinhos, de tardes
colados na rede da varanda.
No jardim nascem todas as manhãs projetos não realizados,
passos adiados.
Na terra do nunca guarda-se os cafés desmarcados, os
almoços de domingo, o amor não correspondido.
Guarda-se ali toda promessa não cumprida, todos os planos
interrompidos, todas as mudanças não vividas.
Sabrina Stolle