terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Ambiguidade



Não me olha assim
Com esse olhar que me devora, por dentro e por fora.
É um caminho dissimulado.
Desatento nos vãos que correm os pés,
Mas atento ao cheiro da carne,
Sedento pelo pecado que habita a pele.

Cuidado com teus cílios, eles me dilaceram.
É uma escolha quase sem volta,
Avança sem pedir licença.

E esse suspirar dos teus olhos?
Eles me sufocam
Tem aroma de chuva e de choro.
Então você me encara, face a face:
Teus olhos me consomem...

Na mesma fração de tempo, ela dança
Deixando as alças do meu vestido escorregar.
Os dedos perdem o compasso
Tateiam as minhas costas com indisciplina
Seus olhos se aproximam ainda mais,
As mãos dela também.
Fazendo com que meus pés já não saibam se avançam para frente ou para o verso...


Sabrina Stolle.