sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Dieta Mental



Somos crianças

As mãos pequenas deixam escapar por entre os dedos um punhado de coisas

Deslizam por elas as asperezas de um dia sem céu

Sem sol, chuva ou estrelas.

Cai delas a falta de coragem, a falta de espontaneidade.

Desprendem-se a preocupação excessiva com o futuro,

As obrigações de amanhã.

Despencam delas a falta de tempo, os noticiários ruins da TV.


Ao mesmo tempo em que das mãos o grande e o apertado colidem com chão

Os pés correm sem pressa.

A cada degrau um sorriso espontâneo

Uma cor diferente que tinge a epiderme.

Pés descalços, sem medo do desconhecido.

E por entre os corrimões vai se deixando somente aquilo que cabiam nas mãos:

A leveza da inocência

Um céu florido de brotos de sonhos,

Sementes de palavras doces,

Ramos que carregaram o brilho no olhar nuvens adentro. 

Sabrina Stolle.


Imagem da internet. 
 

Passarinho de Gaiola


                                                         
As gotas caiam no metal produzindo notas
Sons que eram misturas de agudos e graves.
O bico não ciscava o chão.
As penas ondulavam suavemente com o assoviar do vento
Cores que riscavam as partículas de ar com tonalidades tristes.
E sempre chovia
Dentro da gaiola
Dentro do sábia. 



Sabrina Stolle.
Obs: imagem da internet.