Somos crianças
As mãos pequenas deixam escapar por entre os dedos um
punhado de coisas
Deslizam por elas as asperezas de um dia sem céu
Sem sol, chuva ou estrelas.
Cai delas a falta de coragem, a falta de espontaneidade.
Desprendem-se a preocupação excessiva com o futuro,
As obrigações de amanhã.
Despencam delas a falta de tempo, os noticiários ruins da
TV.
Ao mesmo tempo em que das mãos o grande e o apertado colidem
com chão
Os pés correm sem pressa.
A cada degrau um sorriso espontâneo
Uma cor diferente que tinge a epiderme.
Pés descalços, sem medo do desconhecido.
E por entre os corrimões vai se deixando somente aquilo que
cabiam nas mãos:
A leveza da inocência
Um céu florido de brotos de sonhos,
Sementes de palavras doces,
Ramos que carregaram o brilho no olhar nuvens adentro.
Sabrina Stolle.
Imagem da internet.