domingo, 17 de novembro de 2013

Sem título



E se o mundo deixasse de enxergar?
E se o tato fosse abolido?
E dos sentidos sobrasse apenas a audição?
O que você iria amar? Ostentar?
As vezes no meio da multidão, de buzinas e de passos descompassados o meu olhar se perde em um pingo de cor, seja uma borboleta, uma flor ou qualquer outro rastro de vida apolar a rotina.
E perco-me em pensamentos assimétricos; visualizando o mundo sendo consumido pelas necroses da modernidade.
As veias da vida pulsam no céu azul, nas tempestades, nas savanas. Irrigam um dia de cada vez.
E o corpo adoece quando seus órgãos ingerem a usura, o consumismo e a ganância.
Os alvéolos são tampados por preconceitos e desigualdades, impedindo que o organismo respire ar composto por átomos de justiça, de compaixão...
No meio dos sentidos ambíguos o som do real motivo de se estar vivo se desvia nos labirintos de uma sociedade subordinada.

Sabrina Stolle