Os pés descalços arriscavam sentir as texturas da Terra.
Os óculos pareciam desajeitados na face
Embaçados pelas gotas de chuva que lavavam a cidade, a alma.
O casaco de mangas curtas escondido no fundo na gaveta lhe
caiu muito bem.
Os cabelos molhados, colando na face, eram a sua melhor
maquiagem.
E o dia frio e chuvoso,
Embalado pela mesma música, como uma vitrola viciada,
desatava os nós
Salvavam o corpo de si mesmo.
Libertava um ser comprimido por si
Esmagado por um relógio marcado por compromissos rotineiros.
A chuva aumentava, o tempo passava e as mordaças invisíveis se
dissolviam.
Descolavam do corpo os pedaços do mundo colocados durante a
semana.
O vento cortava, dilacerada os espaços que ficavam
Um ser nu, desprovido da rotina,
Pronto para ser consumido pela monotonia, pela nostalgia.
Por tudo aquilo que surge quando as armaduras são retidas,
Quando o corpo veste as cicatrizes e tudo aquilo que tem
dentro do coração.
Sabrina Stolle
Inspirações: música “temporada das flores” Leoni,
Dia chuvoso
E tudo aquilo que amanheceu dentro de mim.
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