Hoje eu suguei como um redemoinho todas as partículas que estavam no ar ao meu redor. Transportei tudo que eu podia para o centro do meu ser. Inalei toda e qualquer matéria orgânica e inorgânica que meu corpo suportou.
As paredes já não me contem mais, tenho absorvido e deixando
escapar muitas coisas para dentro e fora de mim.
A minha visão anda distorcida, meus movimentos andam cambaleantes
como uma música fora do ritmo. E tudo
vai deslizando dentro de mim, algumas coisas aderindo outras vazando como
bolhas de sabão.
E não tenho olhado para trás, mas sei que a aquarela das
minhas digitais tem pintado muitos edifícios e manchado muitas epidermes. Não
tenho medo de andar de braços abertos, sentindo tudo que me circunscreve a
noventa e oitenta graus.
Meus pés têm imprimido nas calçadas e por onde andei um
pouco do que tomei para mim e embrulhei com sentimentos clandestinos.
A arquitetura do meu corpo tem se apagado com cada registro que
tem ficado por onde passei. Os desenhos da minha face têm diminuído a cada dia,
por mais que eu tente respirar tudo que me permeia.
Os meus passos desproporcionados
e a bússola inquieta fundida no meu coração têm pintado na cidade uma tela com
traços fortes e fracos, com cores roubadas, mastigadas e misturadas dentro de
mim.
Dissolvo assim,
a minha existência a cada pincelada restando apenas rabiscos errantes anexados
a pintura.
Sabrina Stolle
Muito iluminado esse texto, Sabrina. Bjo.
ResponderExcluirObrigada, Jonatas *-*
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